sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo: propina caseira

Conforme matéria da revista Veja desta semana, a senadora Gleisi Hoffmann fez da corrupção um assunto de família. A revista teve acesso a depoimentos colhidos pela Procuradoria-Geral da República que revelam que dinheiro desviado dos cofres públicos era usado também para despesas domésticas na casa da senadora e de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo. O material publicado por Veja é inédito. Condomínio, IPVA, contas de luz e até brinquedos dos filhos e consertos domésticos eram pagos por meio de uma conta-propina criada para bancar as despesas do casal de políticos petistas. Este dinheiro saia do esquema da Consist, que funcionou de 2010 até junho de 2015, até seu desmantelamento pela Lava-Jato.

A revelação está no depoimento do advogado Marcelo Maran, que firmou um acordo de delação com a Justiça. Ele contou ter sido responsável durante seis anos pelo controle dessa conta, criada por ordem de seu chefe, Guilherme Gonçalves, dono do escritório de advocacia usado para receber a parcela de propina de Gleisi e Bernardo, no esquema de propinas. Segundo Maran, no início o dinheiro foi usado apenas no financiamento da campanha de Gleisi ao Senado. Com a continuidade do esquema de propina depois da eleição, houve a determinação para o dinheiro ser usado nas despesas pessoais do casal.

No depoimento, Maran apresentou planilhas detalhadas dos gastos de Gleisi e Bernardo, que segundo a Operação Lava-Jato receberam 7 milhões de reais deste esquema. Nos quase quatro anos de duração da negociata, informa a Veja, o casal de petistas recebeu entre 150.000 e 200.000 reais por mês. Este esquema nada tem a ver com o julgamento de Gleisi Hoffmann que já está para acontecer no STF, no qual ela é acusada do recebimento de 1 milhão de reais desviados da Petrobras. Neste processo, outro delator conta como fazia para fazer chegar pacotes de dinheiro nas mãos da senadora. Ré nesta ação, Gleisi é acusada em outras três investigações, com um total de 23 milhões em propina.

O esquema da Consist é um dos mais indecentes crimes do governo do PT descobertos pela Lava-Jato. Referindo-se a este caso, a Veja conta que “a polícia já havia descoberto que Paulo Bernardo, quando era ministro do Planejamento, no governo Lula, tratou de planejar também a vida financeira da família”. O golpe é lamentável. O dinheiro da propina era retirado de créditos consignados, automaticamente descontados de aposentados e pensionistas. A Consist foi escolhida para administrar este crédito. O caso ficou conhecido como “Quadrilhão do PT”. Criaram uma taxa de administração superfaturada, de onde vinha a propina. Uma parte ia para o PT, segundo a revista, “e outra parte para figurões do partido, incluindo Gleisi e seu marido".
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POR José Pires

Homenagem contra o agraciado

A ciclovia Tim Maia, no Rio de Janeiro, desabou novamente. A ciclovia é a mesma que teve um desabamento em janeiro de 2016 que matou duas pessoas, em outro trecho, junto ao mar. O desabamento ocorreu poucos dias depois da obra ter sido inaugurada pelo então prefeito Eduardo Paes e agora teve este outro, felizmente sem vítimas.

É lamentável pela memória do cantor Tim Maia, que merecia ser lembrado por coisas melhores. Mas homenagem no Brasil pode ter este fim. Esta é a terra em que até a Ordem de Rio Branco foi desmoralizada. Na maioria das vezes uma homenagem é um mico que pode fazer da pessoa homenageada uma vítima eterna. Ser nome de ciclovia, rua, praça ou qualquer outro lugar público é uma aventura muito arriscada.

Com o descaso e a incompetência na administração pública que assola este país a tendência de uma homenagem é se encaminhar para um desastre parecido com esta ideia de dar o nome de Tim Maia à ciclovia. A pessoa pode acabar sendo lembrada pelos buracos da rua, o abandono da praça, as enchentes, os assaltos e demais encrencas das cidades brasileiras, talvez até por alguma tragédia, como aconteceu com o cantor, que aliás jamais teve algo a ver com bicicletas.

Receber homenagem em vida, então, pode ser ainda mais arriscado. Um título de cidadão honorário, doutor honoris causa, uma comenda ou qualquer outra veleidade mundana, pode com o tempo acabar com o autor da homenagem sendo acusado ou até condenado por corrupção ou qualquer outro problema ético. A homenagem então acaba virando algo grotesco, marcada por esta referência a uma grande sem-vergonhice.
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POR José Pires

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

A esquerda aplaude suas contradições

Para quem — do mesmo modo que eu — não tem interesse algum em Carnaval, pelo menos sobrou a diversão de apreciar o tolo contentamento da esquerda com o sucesso da escola Paraíso do Tuiuti, que acabou como vice-campeã do Carnaval carioca. Carência demais pode resultar em satisfação com qualquer consolo, por menor que seja, como o de dar algumas risadas com a sátira a um presidente como Michel Temer, que representa tão pouco no imaginário popular que é até espantoso que tenha sido reconhecido no desfile da escola. Tiveram que forçar a barra para isso, colocando a figura como um vampiro, já que identidade política própria ele nunca teve e nem adquiriu mesmo depois de assumir como presidente.

As manifestações da esquerda, ainda mais histéricas entre os petistas, foram de uma alegria descuidada. Faltou-lhes a percepção de que aplaudiam sua própria contradição, porque a Tuiutu desfilou na Sapucaí um desmonte do discurso que o PT vinha tentando emplacar desde o impeachment de Dilma Rousseff. Já há bastante tempo não se fazia sátira dirigida diretamente a um presidente da República em um desfile de Carnaval. E a Paraíso do Tuiuti ainda pegou pesado não só com o presidente Temer como também com a maioria da população brasileira, colocando como uma massa na mão de manipuladores as multidões que saíram às ruas em todo o país contra o governo petista.

Pois é aí que está a contradição do próprio discurso do golpe, que nem precisava, mas cai por terra pela total liberdade de expressão que a Tuiuti exibiu no Carnaval sob os aplausos gerais dos companheiros. Bem, se houve essa crítica pesada e tudo ficou por isso mesmo, é sinal de que está mantida a democracia. Imaginem se algo parecido seria possível no sistema chavista comandado atualmente pelo ditador Nicolas Maduro, com todo o apoio dessa mesma esquerda brasileira que azucrina a todos com seu vitimismo idiota. Na Venezuela isso não pode, mas aqui não tem problema algum. Porque no Brasil não teve golpe.
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POR José Pires

Stormy Daniels, o batom na cueca de Donald Trump

No início de janeiro houve o ressurgimento de um escândalo sexual com o envolvimento do presidente Donald Trump, com a revelação de que era verdadeira a história de um relacionamento dele com a atriz pornô Stormy Daniels. O caso havia saído na imprensa americana um pouco antes de Trump ser eleito, porém na época o escândalo foi abafado com um desmentido da própria atriz. O fato que trouxe de volta o assunto no início desse ano foi a descoberta de que a atriz havia recebido um pagamento para fazer o desmentido. A informação foi publicada em janeiro no The Wall Street Journal e em outros jornais importantes, com os desmentidos de praxe e as conhecidas alegações da troupe de Trump de que tudo não passava de maldades inventadas por adversários democratas, naquela ladainha trumpista de "fake news". Pois nesta quarta-feira, Michael Cohen, um dos principais advogados de Trump, reconheceu que pagou 130 mil dólares para a atriz. É a primeira vez que aparece neste caso uma confirmação da participação de alguém do círculo mais próximo do presidente americano.

Uma dos agravantes deste escândalo é que o relacionamento sexual de Trump com a atriz pornô teria ocorrido um pouco depois de seu casamento com Melania. Mas encrenca mesmo são as possíveis implicações jurídicas, que podem comprometer a campanha dele junto a Comissão Eleitoral Federal. Para esta comissão, Cohen deu uma explicação que afronta a inteligência alheia. O advogado reconhece que pagou pelo silêncio de Stormy Daniels, mas afirma que foi com dinheiro dele. Em comunicado enviado ao jornal New York Times, Cohen, que por uma década foi o principal advogado do conglomerado Trump, afirmou que "nem a organização Trump e tampouco a campanha de Trump participaram da transação com a senhora Clifford Daniels (Stormy Daniels)". Ele afirma ainda que não houve reembolso do que pagou, "direta ou indiretamente".

Tamanha generosidade realmente é para fazer de Cohen um advogado disputado pelos magnatas americanos. A explicação muito fajuta sobre o batom na cueca de Trump tem a intenção de tirar do foco da Comissão Eleitoral Federal um caso que pode complicar ainda mais o mandato do presidente americano. A confirmação do pagamento à atriz pornô mostra que devem ter aparecido provas de que de fato gente do lado de Trump havia dado dinheiro à atriz. Daí Cohen ter vindo com esta versão que não tem veracidade alguma. É difícil acreditar em um advogado de uma grande corporação tirando dinheiro do próprio bolso para resolver uma questão íntima de um dos homens mais ricos do mundo e fazendo isso por conta apenas dos sentimentos da boa relação entre os dois. Isto sim é um fake news.

De qualquer modo que se desenvolva mais este problema de Trump, o que se sabe até aqui já compromete bastante sua credibilidade, já que seu apoio político em todo o mundo depende de uma grande parcela de público com uma visão altamente conservadora. Por sinal, esta descoberta da promiscuidade entre política e pornografia na vida de Trump bate inclusive nos trumpistas brasileiros, que por aqui, em sua maioria, estão entre os setores mais moralistas do país, que implicam até com manifestações artísticas que exploram o erotismo e a sexualidade. Vamos ver como esse pessoal tão preocupado com a moral dos outros responde agora à entrada da senhora Daniels na carreira de seu ídolo político americano, que pode passar a ser conhecido como Stormy Trump.
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POR José Pires

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

As incompatibilidades e amores dos petistas com juízes

É engraçado acompanhar as oscilações de humor dos petistas em relação aos membros do Supremo Tribunal Federal, o nosso STF. O ministro Luiz Fux é o alvo da vez, depois de seu discurso na posse como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, quando disse que o tribunal será “irredutível” na aplicação da lei da Ficha Limpa. O recado é direto para o caso do ex-presidente Lula, que teima em ser candidato para tentar fugir da cadeia.

Desde essa fala, Fux vem sendo destratado pelos petistas, que infernizam as redes sociais em número cada vez menor, mas sempre com aquele destempero próprio da esquerda, sem a mínima preocupação com suas terríveis contradições. Este ministro é de nomeação da presidente Dilma Rousseff, o que em razão da agressividade das críticas dos petistas atinge em cheio sua capacidade política. Dilma escolheu mal, é o que parecem dizer.

Creio que um petista deveria ponderar sobre a responsabilidade do partido na qualidade das nomeações para qualquer tribunal. Afinal, são 13 anos de poder. No caso do STF, a maioria de seus membros atuais veio de nomeações de presidentes eleitos pelo PT. Lula foi o presidente da República que mais nomeou ministros ao STF depois da ditadura militar. Oito ministros são de indicação dele, sendo que três ainda estão na ativa. Dilma nomeou cinco ministros, com quatro ainda atuando nesta corte, entre eles Fux, destratado agora pela militância. O STF tem onze ministros, sendo que a presidente atual, Cármen Lúcia, foi nomeada por Lula.

Não tenho dúvida de que os petistas têm uma visão estreita, que identifica qualidade de decisão apenas quando um juiz ou qualquer outra autoridade está num caminho que converge para o interesse do PT, mas a militância deveria ter sido treinada ao menos para mascarar melhor essa prática oportunista. Em atitudes como essas com o ministro Fux, cada cacetada da militância no STF acaba acertando em cheio na capacidade de Lula e Dilma, de qualquer ângulo que a questão for analisada. Se Dilma e Lula queriam um ministro que fizesse suas vontades, foram de uma incompetência descomunal. E se a nomeação foi de boa-fé, agiram com uma ingenuidade de idiotas, porque o que a militância vem dizendo é que o ministro é desonesto.

Essa falta de habilidade do PT para se dar bem em suas jogadas oportunistas de manipulação da opinião pública vem criando inclusive uma situação muito estranha. Pelo que os petistas dizem, Dilma e Lula são incompetentes para escolher gente honesta e capacitada. Ultimamente parece que para o PT quem sabia mesmo nomear para o STF era o presidente Fernando Henrique Cardoso. O tucano nomeou apenas três ministros, permanecendo na ativa Gilmar Mendes, que atualmente os petistas estão adorando.
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POR José Pires

Auxílio-moradia de juízes veio de MP de Dilma Rousseff

Os remanescentes do naufrágio petista tentaram alugar as redes sociais com esse papo hipócrita do auxílio-moradia para o Judiciário, mas não colou. Hoje em dia, nada que vem da esquerda é levado a sério. E isso prejudica muito o debate político, porque a esquerda pega muitos temas importantes, de valor universal, que acabam sendo desmoralizados em razão do uso hipócrita que eles fazem de qualquer assunto, além de que pesa muito nessa desmoralização a incompetência e a má-fé que se viu nesses 13 anos de poder do PT.

Sobre o auxílio-moradia, os petistas deviam ter dado a grita muito antes, ainda com o PT no poder e numa discussão partidária interna sobre as decisões do governo deles. O auxílio-moradia vem da própria presidente Dilma Rousseff, que sequer se preocupou em fazer um projeto de lei para discussão no Congresso Nacional. Foi por Medida Provisória que o governo Dilma abriu um crédito extraordinário no valor exato de R$ 419.460.681,00. A verba é dividida entre vários estados e o Paraná, onde vive e trabalha o juiz federal Sérgio Moro, nem é o que gasta mais.

Mas na notória hipocrisia petista, Moro foi insultado como se fosse o centro desse penduricalho salarial. O motivo disso sabemos bem qual é: Moro simboliza o juiz que coloca ladrão de esquerda na cadeia. É disso que estou falando quando aponto o perigo dos maus modos da esquerda para o debate democrático. De fato, o auxílio-moradia nem deveria existir, mas da forma que os petistas trazem o assunto, fica até difícil para sociedade civil se engajar no debate para derrubar essa lamentável medida, que veio de Dilma Rousseff, em 18 de janeiro de 2016, quase como uma pedaladinha no orçamento. O Brasil já estava se afogando na maior crise econômica dos últimos tempos quando ela editou a MP. “Crédito extraordinário” de quase meio bilhão de reais em país quebrado não tem outro significado que o de alargar o rombo.und-color: white; color: #1d2129; font-family: "trebuchet ms"; font-size: 11pt; font-style:

O documento assinado pela então presidente Dilma Rousseff está aí, para todo mundo ver. Note o detalhe, destacado por mim, da notória palavra “PRESIDENTA”, que está por detrás de uma diversidade de incompetências e identifica também bobagens além da conta, tão idiotas quanto as de Lula, o "presidento" que a colocou no poder. No final, a teimosia do PT com essa designação tola no feminino acabou se tornando mais uma marca histórica do desastre que esse partido foi para o Brasil.
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POR José Pires


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O acórdão da condenação de Lula

O TRF-4 publicou no final da tarde desta terça-feira o acórdão do julgamento que condenou Lula na segunda instância a 12 anos e um mês em regime fechado por corrupção e lavagem de dinheiro.

A partir de hoje, sua defesa terá até 12 dias para recorrer ao próprio tribunal contra a decisão. Se forem rejeitados os recursos, executa-se a pena.

O acórdão traz o texto da execução das penas, caso sejam rejeitados os recursos. Os petistas vão ficar muito incomodados com o número do item: é o 45.
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POR José Pires

Lula e suas eleições decididas pela grana

Os depoimentos do marqueteiro João Santana e de sua mulher e sócia, Mônica Moura, mereciam uma boa manchete: “Segunda eleição de Lula foi roubada”. As revelações do casal desmoralizam Lula e seu partido na eleição de 2006. A publicitária afirmou perante o juiz federal Sérgio Moro que dos 18 milhões de reais recebidos pela agência dela e do marido para fazer a campanha de Lula, 10 milhões vieram de caixa dois. É mais da metade do que foi pago. E ressalto que outros custos relacionados à campanha era de outra área. A própria Mônica Moura deixa isso claro no depoimento de delação premiada.

O caixa dois do marketing do candidato eleito do PT é também cinco vezes a arrecadação total dos candidatos que ficaram em terceiro e quarto lugar naquela eleição, Heloisa Helena e Cristovam Buarque. A primeira arrecadou um total de R$ 377.529,79 e o segundo R$ 1.716.154,28. Estes valores desmontam o mito de Lula como fenômeno eleitoral espontâneo e imbatível, uma fraude alimentada por uma imprensa inepta ou conivente com o esquema liderado por Lula, que até ser arrebentado pela Lava Jato estendia seus braços corruptos e dominadores para as mais variadas instituições.

Lula nunca ganhou uma eleição no primeiro turno, mesmo gastando muito, inclusive comprando partidos, usando seu poder político e financeira para impedir candidaturas competitivas. É muito simples: com dinheiro e poder, Lula montava um quadro eleitoral favorável. Foi dessa forma que acertou a entrada de seu vice José Alencar, definindo a chapa que de duas eleições, com um acerto financeiro com o partido do empresário, já falecido.

Na eleição de 2006, Lula gastou em propaganda exatos R$ 64.484.145,04, computados nisso evidentemente o pagamento de João Santana. Tenho esses dados comigo. São números oficiais, mas como confiar na prestação de contas de um político que simplesmente manda seu marqueteiro pegar um milhão e meio de reais com um dos maiores empreiteiros brasileiros para ele resolver a eleição de um candidato a presidente de outro país? Foi o que ele fez na eleição de Mauricio Funes, em El Salvador, onde evidentemente não poderá pedir asilo político para fugir da cadeia.

A farsa do mito Lula deveria acabar aqui, pondo fim inclusive à lorota atual da mídia, que trata sua suposta influência eleitoral como fato comprovado e inevitável. Ninguém faz sequer um questionamento muito simples. Como o petista vai fazer desta vez, sem a ajudinha providencial de Emílio Odebrecht e outros empreiteiros? Seu marqueteiro vai telefonar para quem desta vez?

Na eleição que João Santana e Mônica Moura revelaram que foi roubada, Lula disputou com um político sem nenhum apelo pessoal, de tal forma que pegou o apelido de Chuchu. E mesmo com Geraldo Alckmin como rival, Lula teve que gastar uma dinheirama. No total (sempre oficial, é claro) foram gastos 91 milhões. O tucano gastou 81 milhões. Mesmo disputando com o Chuchu, o espetacular fenômeno popular inventado pela propaganda e com a complacente aceitação de mídia, teve que ir para o segundo turno. O mesmo ocorreu na eleição anterior, com José Serra, outro político sem apelo popular algum. Se Alckmin é o Chuchu, Serra é um giló. Mas lá foi o fenômeno para o segundo turno, mesmo com um custo de campanha de 34 milhões de reais, enquanto Serra gastou 21 milhões.

Uma das coisas que acho mais lamentáveis em nossa mídia é a exploração irresponsável desse mito fraudulento da força pessoal de Lula numa eleição. O engodo é apoiado em outra fraude, que é a do PT com a força orgânica de uma militância vigorosa. Depois de perder três eleições, o próprio Lula percebeu que essa teoria do PT não tinha fundamento. Tanto é que só aceitou disputar pela quarta vez com a condição de ter suporte profissional, com a máquina publicitária de Duda Mendonça, seu primeiro marqueteiro que também jogou a carreira na lama. Lula sempre resolveu a questão eleitoral comprando suas vitórias, o que fica claro no depoimento dos dois publicitários. Será esta a sua definitiva imagem histórica como político e também a de seu partido.
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POR José Pires

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

O barquinho de Atibaia e outros objetos pessoais de Lula

A semana começa com mais complicações para o ex-presidente Lula. O marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, abrem os serviços sobre o sítio de Atibaia, com seu depoimento ao juiz federal Sérgio Moro. Os dois assinaram acordos de delação e são testemunhas de acusação. É providencial simbolicamente a presença de Santana nesta abertura. Ele foi o substituto de Duda Mendonça, quando o marqueteiro da primeira vitória de Lula caiu em desgraça com o mensalão.

A ilustração ideal para mais este processo contra Lula por corrupção é a imagem do barco com os nomes dele e da ex-primeira dama, a falecida Marisa Letícia. Não deixa de ser uma forma de aparelhar até o romantismo. Para reforçar o simbolismo, pode-se também cantarolar uma música. Na minha cabeça vem aquela do “e o barquinho vai, a tardinha cai”. Mas dá pra pensar também em alguma coisa de Bruno e Marrone, musos de Lula, de cantorias em particular em Brasília quando ele estava no poder. É questão de gosto.

Os remanescentes do petismo, ridículos gatos pingados que não falam coisa com coisa, vão dizer que foi “gópi”, que não existem provas, mas tem que entender o lado deles: é tudo gente que costuma ir para o sítio de amigos e pegar o melhor quarto para eles, espalhar seus objetos pessoais pela casa de veraneio, mandar uma empreiteira fazer melhorias de graça, inclusive caríssima cozinha planejada, além de colocarem no lago barco com o seus nomes e pedalinhos com os nomes dos netos.

Este é o mesmo pessoal que costuma visitar apartamentos para venda e mandam a empreiteira fazer cozinha planejada, elevador privativo e outras benfeitorias, para depois não fechar negócio. Bem, como o mercado imobiliário não funciona desse modo para qualquer um, fica muito estranho que os petistas, sempre tão rigorosos com os outros, estejam tão enraivecidos com as suspeitas da maioria dos brasileiros por este tratamento privilegiado de empreiteiras com um ex-presidente da República.

Nos próximos dias esses gatos pingados vão tentar forçar debates. E até isso os petistas estão com dificuldade de conseguir, pois ninguém tem mais paciência com tanto argumento vazio. Com certeza, do mesmo jeito que falavam do triplex do Guarujá, vão dizer que não existem provas de que o sítio de Atibaia é do Lula. Isto é diversionismo tolinho. O chefão petista não é acusado de ser o proprietário oculto. Na denúncia, Lula é acusado de ser usufrutuário das reformas do sítio. As benfeitorias na propriedade, segundo o MPF, eram uma forma de repassar ao ex-presidente “valores oriundos do esquema criminoso”. Como se diz na esgrima, touché.

E o MPF juntou muitas provas para apontar Lula como “usufrutuário”. Mostram o intenso interesse de Lula pelo sítio (entre 2011 e 2016, veículos de utilização do ex-presidente foram 270 vezes ao local), inclusive na preocupação com uma “pirua” que esmagou três filhotes de pavão. O aviso foi mandado pelo caseiro por e-mail ao Instituto Lula. Vale ler a denúncia do MPF. É textão, como se diz hoje em dia sobre qualquer coisa com mais de três frases, mas a vida não é feita só de KKKKK. Um trecho interessante da denúncia é sobre os itens de uso pessoal de Lula e Marisa. O casal ocupava a suíte principal e tinha o hábito de colocar suas iniciais nos objetos. Foi nesta suíte que a Polícia Federal encontrou também o documento sobre o imóvel adquirido pela Odebrecht para a construção do Instituto Lula. E estava lá também, em Atibaia, o romântico barquinho com o nome de Lula.

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POR José Pires

Baixe aqui a denuncia do sítio de Atibaia

Lula, o rei do mundo

No comando do esquema de apoio a Lula, a senadora Gleisi Hoffmann vem dando asas à imaginação para atender as aflitivas expectativas da militância e do próprio ex-presidente. A senadora é presidente nacional do PT e encabeça a organização em defesa do chefão do partido, na tentativa de evitar que ele vá para a cadeia. Com a falta do marqueteiro João Santana, que preferiu partir para a delação que mofar na cadeia, parece que montaram uma equipe caseira para criar material para as redes sociais e bolar ações com apelo de comunicação.

O formato de criação é bem do jeitão dela, militante forjada na juventude na máquina política de lavagem de cérebros do PCdoB, que deixa sequelas facilmente perceptíveis, como é possível observar em líderes políticos já maduros que tiveram sua formação no único partido brasileiro (e um dos poucos do mundo) que tem relações políticas harmoniosas com o regime comunista da Coréia do Norte.

A senadora é esforçada, mas ansiosa demais para lidar com comunicação. Além de que também sofre da impulsividade gerada pelas novas tecnologias, que parecem exigir uma ideia a cada segundo. É o que pode explicar a variedade de micos que arruma para ela e seu partido, entre eles a inacreditável confusão recente que fez com uma foto em um estádio de futebol na Alemanha, onde leu “Forza Lula” numa faixa hasteada por um torcedor, onde na verdade estava escrito “Forza Luca”.

Mas apesar desse tipo de atropelo, a senadora está animada com seu novo papel como diretora de criação. As ideias estão a todo vapor. Nesta quinta-feira saiu uma espantosa arte para as redes sociais que coloca Lula como o político mais votado da história da humanidade, à frente de Barack Obama, Vladimir Putin, Roosevelt e outros menos votados.

Lula aparece no topo do mundo com 136,4 milhões de votos. Como chegaram a esta quantidade estupenda? A sacada é muito simples: foram somados os resultados do primeiro turno nas eleições de que Lula participou, todas elas, inclusive as três que ele perdeu. E eles ainda avisam que “é sem contar com segundo turno”, senão a votação de Lula estouraria para além de 270 milhões de votos. Não é de uma genialidade impressionante a nossa Washington Olivetto de saias?

Essa bolação espetacular já seria suficiente para dar folga para toda a equipe até segunda-feira, mas ela não seria Gleisi Hoffmann (aquela que é capaz de morrer e matar por Lula) se aceitasse se aquietar para tentar produzir resultados políticos de forma cuidadosa, com avaliações mais aprofundadas sobre seus efeitos. Ainda nesta quinta-feira a usina de ideias comandada pela nossa DPZ do PT soltou mais uma explosiva sacada.

Agora é uma campanha para que simpatizantes do partido ajuízem em todo o país 1 milhão de pedidos de habeas corpus a favor de Lula. Era para ser segredo, para que parecesse ação espontânea da militância, mas a sacada de marketing vazou. Nem é preciso muito esforço para imaginar como a brilhante ideia será recebida pela Justiça. Mas dá pra sentir que agora a coisa vai: Lula pode até ser preso, mas pelo menos o PT leva o Leão de Ouro da publicidade, em Cannes.
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POR José Pires

Lula e suas histórias de cadeia

Não está fácil para o PT criar fatos positivos para favorecer o ex-presidente Lula. Qualquer coisa que os petistas inventem levará sempre a uma referência negativa relacionada ao assunto, com a lembrança de alguma sujeira no passado de Lula. O “Brahma” aprontou demais na vida. Nesses dias, os petistas andaram espalhando que, caso seja preso, o chefão do PT poderia fazer uma greve de fome na cadeia.

Logo a ideia deu chabu. Na última quarta-feira, em sua coluna em O Globo, Merval Pereira lembrou que quando foi preso em 1980, durante a ditadura militar, por causa da greve dos metalúrgicos do ABC, Lula furou uma greve de fome de seus colegas sindicalistas, que também estavam na prisão. “Lula estava furando a greve de fome, recebendo barras de chocolate e comendo às escondidas”, contou o sindicalista Zé Maria, que depois saiu do PT para fundar o PSTU. “Houve uma grande decepção”, ele disse.

Mas a péssima fama de Lula com cadeia e greve de fome não para por aí. Merval recordou também de uma visita oficial de Lula a Cuba, em 2010, em meio a uma greve de fome do preso político Orlando Zapata. A greve de Zapata já durava 83 dias, em protesto contra as condições dos presos políticos cubanos. O oposicionista estava preso desde 2003, condenado há 18 anos por “desordem pública”. Lula igualou os presos políticos a criminosos comuns e defendeu a ditadura de Fidel Castro. Suas palavras, lembradas hoje pelo jornalista de O Globo: “Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos. A greve de fome não pode ser um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”. Zapata morreu com Lula ainda em visita aos irmãos Castro.

Os petistas deviam deixar pra lá qualquer tentativa de estabelecer uma imagem heróica de seu chefão na cadeia. Como prisioneiro, Lula não é exatamente o que se pode chamar de um “resistente”. Ele só tem histórias de indignidade pessoal, desde o caso do “menino do MEP”, quando tentou estuprar um jovem na prisão, até a revelação de ter sido informante do Dops durante a ditadura militar.

A história da tentativa de violentar um companheiro foi contada por Cesar Benjamin, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, também coordenador da primeira campanha de Lula a presidente, em 1989. Atualmente, ele é secretário de Educação da prefeitura do Rio de Janeiro. Em artigo na Folha de S. Paulo, em 2009, Benjamin contou que Lula lhe disse que quando esteve detido tentou subjugar e fazer sexo com outro preso, o “menino do MEP”, movimento político que não mais existe.

A acusação de dedo-duro da ditadura apareceu no livro “Assassinato de reputações”, de seu ex-Secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. Ele afirma que o ex-presidente foi informante do Dops, na época comandado por seu pai, o falecido delegado federal Romeu Tuma. Da mesma forma que é acusado atualmente no escândalo de corrupção da Petrobras, Lula também tinha um apelido. Era o “Barba”. No livro, Tuma Júnior conta que o chefão petista teve uma vida boa enquanto esteve detido, podendo inclusive dormir no escritório do chefe do Dops. O valente petista que os companheiros dizem que vai fazer greve de fome tirava longas sonecas em um sofá vermelho do chefe da polícia política. Tuma Júnior publicou as acusações em livro, deu várias entrevistas falando sobre o assunto e jamais foi processado por Lula.
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POR José Pires