quinta-feira, 29 de março de 2018

Afinal o inferno existe ou não?

Parecia que o jornal italiano "La Repubblica" havia dado a notícia não só do século, mas de todas as eras: "O inferno não existe". Deve ter pouca coisa mais importante do que essa revelação, ainda mais vindo da fonte que teria passado a informação ao jornal. O próprio papa Francisco.

O “La Repubblica” publicou uma conversa entre o papa e o fundador do jornal, Eugenio Scalfari. Em artigo assinado, Slcafari afirmou que o pontífice disse que "o inferno não existe; o que existe é o desaparecimento das almas pecadoras”.

Mas o Vaticano já negou tudo, em comunicado oficial. Foi um encontro privado e não uma entrevista e tudo que está no artigo é uma reconstrução do próprio autor, diz o comunicado. Não é uma "transcrição fiel das palavras do Santo Padre". Scalfari, que tem 93 anos, não costuma utilizar gravador nas suas conversas nem faz anotações. Já publicou artigos com informações exclusivas que obteve em conversas com o papa Francisco, mas nenhum com esse alvoroço, que forçou o Vaticano a um desmentido urgente. A Igreja Católica precisa muito do sentimento do pecado, que sem o inferno perderia grande parte de seu impacto.

Bem, vai permanecer a dúvida sobre quem está falando a verdade. Francisco pode ter feito uma confidência a um interlocutor supostamente confiável, sem esperar que o assunto fosse parar nas páginas de um dos diários de maior penetração do mundo. Não se sabe se teve pedido de “off”, de um lado ou de outro, então ninguém pode ser condenado — com o fogo do inferno ou não.

O “La Repubblica” é uma publicação séria, de grande credibilidade, além de Scalfari ser experiente nos assuntos do Vaticano. Não se trata de um escriba fofoqueiro procurando fama com qualquer boato. Portanto, cada um escolha sua versão. A revelação do jornalista ou a errata do Vaticano. E todos ganham do jeito que ficou. Mantém-se a ameaça do fogo eterno e o “La Repubblica” conseguiu um desmentido importante do ponto de vista jornalístico. Afinal, não é todo dia que se pode dar uma errata do Vaticano sobre um assunto tão quente.
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POR José Pires

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